sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

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estava lá.

ninguém parou pra perceber a beleza do futuro-passado. o tempo acontecia desenfreadamente, e ninguém se importava: as pessoas passavam, a passos profundos e impessoais.

o mundo morria. mas vela alguma era acendida. o calor efêmero que saía das faces se dissipava em meio à confusão disforme das massas.

o tempo passava. todos olhavam o relógio, como se ele pudesse de fato mostrar o tempo - cada segundo em que se olha um relógio é um segundo a menos. e o primeiro segundo de qualquer fato incompreensivelmente perfeito era perdido. perdido no tempo que não pertencia a ninguém.

mas o garoto tinha olhos. tinha percepção. tinha desejo, vontade, paixão. tinha a solução para todos os problemas imperceptíveis. tinha a vontade de estudar e responder. tinha forças e fraquezas em demasia. tinha uma câmera.

e, ao clicar o mundo, revelou-se em tons irreconhecíveis; matizes absurdamente surreais, distâncias focais quilométricas de tão próximas, um campo profundamente simples e uma química quase que compreensível.

o resultado, ele nunca mostrou a ninguém. não haveria quem compreendesse a beleza da sua primeira fotografia.